quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Fragmento: Livro da minha adolescência --> Outsider, vidas sem rumo de Susan E.Hinton

Bom neste post eu quero compartilhar um pedaço de mim,um livro que minha mãe me deu  quando eu tinha uns  treze,catorze anos e me marcou pacas.
Foi ele que me atentou pra situação que , em geral eu e meus amigos vivíamos.Pode parecer exagero,mas eu duvido que sendo o que fomos e fazendo o que fazíamos ninguém nunca teve medo de não voltar pra casa e ao voltar constatar que o mundo que lhe foi dado não guardava coisas muito melhores do que trabalhos lazarentos(greaser), um bando de playboys paus-no-cú(socs)atormentando a vida, a polícia executando maravilhosamente bem seu serviço de cão de guarda da "ordem e progresso".
E amigos caindo pelo meio do caminho.
Vamos,atreva-se,leia!

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O céu estava mais claro do lado leste, o horizonte era um linha dourada bem fina,As nuvens passaram de cinzento a cor-de-rosa;o nevoeiro tinha um toque dourado.Houve um momento de silêncio como se todas as coisas prendessem a respiração,depois o sol apareceu.Era lindo
- Puta! - a voz de Johnny por trás  de mim me fez dar um pulo. - Que classe que estava isso.
- É. -Suspirei,desejando ter umas tintas para fazer um quadro enquanto aquele lance não sumia da minha cabeça.
- O mais classe foi o nevoeiro  - disse o Johnny.- Todo dourado e prateado.
-Hmmmm - Eu disse,tentando fazer um anel de fumaça.
- Pena que não fica assim o tempo todo.
- Nada que é dourado fica - eu estava lembrando um poema que tinha lido uma vez.
-Quê?

" O primeiro verde da natureza é dourado
  Para ela ,o tom mais difícil de fixar.
  Sua primeira folha é uma flor,
  Mas só durante uma hora.
  Depois folha se rende a folha.
 Assim o paraíso afundou na dor.
 Assim a aurora se transforma em dia.
 Nada que é dourado fica. "

Johnny ficou me olhando -  Onde é que você aprendeu isso?Era o que eu estava querendo dizer!
pág 85-86


- Vencemos disse o  Dally,ofegante. - Vencemos os socs.Acabamos com eles - expulsamos do nosso território.
Johnny nem tentou sorrir pra ele. - Não é adianta...não é legal brigar...- Estava horrivelmente branco.
Dally passou a língua nos lábios,nervoso.- Ainda está saindo notícia no jornal sobre você.Pro ser herói e tudo. - Estava falando depressa demais e calmamente demais.- É,agora estão dizendo que você é herói.Estamos todos orgulhosos de você,carinha.
Os olhos de Johnny brilharam.Dally estava orgulhoso dele.Aquilo era tudo o que Johnny já tinha desejado na vida.
- Ponyboy...
Mal ouvi ele falar.Cheguei mais perto e me inclinei para ouvir o que ele queria dizer.
- Fique dourado, Ponyboy.Fique dourado...-O travesseiro como que afundou um pouco e Johnny se foi.[...]
Dally engoliu  e estendeu a mão para empurrar o cabelo de Johnny para traz.- Nuca conseguiu botar esse cabelo para traz  ... é isso que você arranja,querendo dar uma força pras pessoas,seu punkizinho,é isso que você arranja...
pág 157

Lembrei dele dizendo:tenho andado com um berro.Não está carregado,ams ajuda a enganar.
[...]
Dally levantou o revolver,pensei:seu imbecil.
Eles não sabem que é só blefe.E quando os revolveres dos policiais cuspiram fogo no meio da noite,percebi que era aquilo que Dally queria.Foi jogado para traz devagarinho, comum expressão feroz de triunfo no rosto.Antes de chegar ao chão,já estava morto.Eu sabia que era aquilo que ele queria,ao mesmo tempo em que os tiros ecoavam no terreno baldio,ao mesmo tempo que implorava em silencio:Por favor,não ele...não ele e Johnny,os dois...eu sabia que ele estaria morto,por que DallyWinston queria morrer e Dally Wisnton sempre conseguia o que queria.
Nínguem ia escrever nenhuma reportagem falando bem do Dally.Dois de meus amigos tinham morrido aquela noite:um,herói,o outro,bandido.Aí lembrei do Dally puxando o Johnny pela janela da igreja em chamas;Dally nos entregando seu berro,mesmo se arriscando ir em cana ou um lance desses;Dally arriscando a vida por nós,tentando manter Johnny fora do rolo.E agora ele era um delinquente juvenil morto;não ia haver nenhuma reportagem defendo ele,Dally não morreu herói.Morreu bandido ,jovem e desesperado,bem como todos nós sabíamos que Tim Shepard,Crespo Shepard, os caras de Brumly e os outros caras que conhecíamos iam morrer um dia.mas Johnny tinha razão.Morreu elegante.
Steve se jogou para a frente com um soluço,mas Soda segurou-o pelos ombros.
- Calma chapa- ouvi ele dizer,com carinho, - a gente não pode fazer mais nada,agora.
Nada a fazer...nem pelo Dally,nem pelo Johnny,nem por Tim Shepard,nem por nenhum de nós...
Meu estômago deu um pulo violento e virou um bloco de gelo.O mundo estava girando ao meu redor,havia manchas de rostos e visões de coisas que já tinha passado dançando na névoa vermelha que cobriu o terreno baldio.Rodei numa massa de cores,senti que estava caindo.Alguém gritou : - Nossa olha o garoto!
Aí o chão veio na minha direção a mil e me encontrou de repente.
pág 164

Olhei o livro em cima da mesa.Eu não queria lê-lo até o fim.Nunca ia poder passar daquela parte onde os senhores sulistas saem galopando em direção à morte certa porque são elegantes.Os senhores sulistas com seus grandes olhos negros,de blue jeans e camiseta,so senhores sulinos se encolhendo debaixo dos postes de luz.Não lembra.Não tenta decidir qual dos dois apagou elegante.Não lembra.
pág 167
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Indicação de musica:
O Reggae - Legião Urbana
Tennage Lobotomy - Ramones

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