Esse "artigo " foi escrito no começo da ano a pedido de uma colega do curso de Jornalismo de Bauru para uma disciplina X e até hoje ela não me deu retorno do que foi feito desse texto,mas de qualquer forma a experiência foi válida e eu queria a crítica dXs colegas de curso.
Agradecimentos a Tales Schimits por ter trocado a FCL por Bauru,a Tayanne Abib por nunca mais ter entrado em contato após a entrega do texto e ao pessoal do C.A de Jornalismo que tbm tem o professor Florestan como patrono.
CAFF's unidos jamais serão vencidos!
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A desvalorização das Ciências Sociais
José Lucas da Silva, Graduando em Ciências Sociais UNESP - FCLAr
Antes de atentar para as Ciências Sociais em especifico considero uma analise das Ciências Humanas, grande grupo do qual participa as Ciências Sociais, e de sua instrumentalização por parte das universidades bastante oportuna.
Por definição as Ciências Humanas são as sistematizações dos conhecimentos acumulados que buscam um poder explicativo a cerca dos fenômenos humanos ou ao menos dos fenômenos que não podem ser estudados pelo método das outras ciências, assim elas servem melhor às sociedades que, como as clássicas e as quatrocentistas, se pautam na exploração, investigação, emancipação e uma forma geral aprimoramento do caráter e do potencial humano. Como nos lembrará John Stuart Mill o bom governo será aquele que aprimorar os seus governados, aquele que lhe desenvolverá as faculdades para a auto- proteção. Posto isso podemos afirmar que as Ciências Humanas se desenvolvem e tem seu desenvolvimento ótimo em sociedades com uma lógica de desenvolvimento cultural, psíquico e social.
Agora fazendo mais uma colocação antes de entrar na desvalorização e nas particularidades das Ciências Sociais cabe uma consideração sobre a sociedade que está se preocupando com a desvalorização das Ciências Sociais: é perceptível a super valorização do saber tecnicista e de sua ampla reprodução na atual sociedade, que a revelia do que se percebe nas sociedades que desenvolve pelo caráter humano apresenta uma curva de desenvolvimento norteada pelas dinâmicas econômicas, produtivas e geopolíticas. Posto essa dicotomia podemos tentar analisar melhor como se dá esse processo de desvalorização.
Um fator a ser levado em consideração é: qual o papel de um curso universitário em uma universidade publica dado e considerado isto, que pretenda analisar, de forma critica, explicar, compreender e dar os melhores encaminhamentos possíveis para os impasses e problemáticas da vida humana em conjunto?
Considerando o que foi posto acima sobre a atual forma de organização social e o fato de um curso paramentado para criticar e reconhecer fatores produtores de crises parece contraditório, senão ilógico, nesse contexto. Considero, assim, a contradição entre sociedade pautada pela lógica econômica e um curso voltado para as criticas, lembrando sempre que criticas não são simplesmente difamações ou calunias a respeito de algo e sim fruto de posicionamentos e ações postas à prova de um senso crítico mediado para fazer a mais produtiva analise de uma situação, dessa sociedade, uma vez que se afirma como capitalista assumindo todas as benesses e vicissitudes dessa organização, o primeiro fator de desvalorização das Ciências Sociais.
Outro fator seria o campo de atuação social do egresso desse curso. Ainda se apoiando na lógica econômica como guia da sociedade, mas pegando agora o fator tecnicista da nossa atual sociedade como foco de analise, veremos um “profissional” e que não tem muita inserção num mundo onde reinam as ciências duras. Sua formação é eminentemente reflexiva, intelectualizada e abstrata, sem, contudo desprezar o caráter prático do formado que precisa do máximo de empiria para se aperceber dos fenômenos que lhe são caro como também de um domínio de técnicas que lhe permitam fazê-lo da melhor forma possível, não tendo muito alocação em um mundo que preza cada vez mais pelo “profissional” capacitado a reproduzir a mais atual técnica de produção com o maior impacto na rentabilidade de determinado seguimento, seja industrial, financeiro, tecnológico ou cientifico. Assim aponto um deslocamento do egresso no mercado de trabalho como outro motivo de desvalorização.
Outro fator seria o fator “romantismo”. Existe uma espécie de “aura” em torno do curso como “depósito” de “revolucionários” ou pessoas com posicionamento tido como indesejável justamente pelo fator de critica inerente ao curso e aos alunos. Assim o estereótipo do curso e dos alunos figura como fator de desvalorização do curso.
Por ultimo vejo o desinteresse acadêmico e governamental como fator também de desvalorização. Ações como o PDI, o desinteresse pela licenciatura, e o trato com o curso como um “elefante branco” figurando como fator de desvalorização.
Assim temos um desconforto entre a função do curso e a sociedade em que está inserido e para a qual tem que produzir conhecimento, o lugar do egresso na sociedade supracitada, um certo estereótipo que afasta as pessoas do curso e por ultimo e não menos importante, o curso ser tratado como uma espécie de bibelô da universidade,não tendo uma aplicação de fato só sendo visto como algo meramente “burocrático”.Do tipo:Ou temos um curso de Sociais ou não somos levados á serio.